Marcha do progresso

Davilson Silva-

A existência humana é bem uma ascensão das trevas para a luz. A juventude, a presunção de autoridade, a centralização de nossa esfera pessoal, acarretam muitas ilusões, laivando de sombras as coisas mais santas. (Espírito Emmanuel.)
O homem, Alma, ou Espírito encarnado, jamais retrograda, ele jamais voltará atrás, ou seja, voltará à sua condição primitiva, o que Mestre Allan Kardec chamou de “estado natural”. Segundo os Espíritos, pensar que a criatura humana pode retrogradar é desconhecer a lei do progresso. Dizemos ainda: é reduzir a menos a sabedoria, bondade e justiça de Deus.

Sendo perfectível, o Espírito, ao sair das mãos do Criador, trouxe consigo o germe do aperfeiçoamento intelecto-moral. Pela Lei do Progresso, lei divina, ele foi gradualmente se aprimorando sob as necessidades das circunstâncias naturais da existência, compelido à marcha incessante. O progresso das criaturas, de ordem divina, sem cessar, faz com que o homem siga em frente; Deus nos criou a todos, sem exceção, com esse propósito. 

Desenvolvamos um pouco mais e vejamos agora o que disse a comunidade espiritual sobre este assunto:

— O homem tira de si mesmo a energia progressiva ou o progresso não é mais do que o resultado de um ensinamento?, indagou Kardec.

— O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é então que os mais adiantados ajudam os outros a progredir, pelo contanto social, responderam os Arautos do Pensamento Eterno.

— O progresso moral segue sempre o progresso intelectual?, voltou a indagar o notável mestre.

— É a sua consequência, mas não segue sempre imediatamente. (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, tradução de José Herculano Pires, capítulo 8.o,  questões 779 e 780.)

Sem progresso moral não há paz nem concórdia

“Unicamente o progresso moral pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra pondo um freio às más paixões; unicamente ele pode fazer reinar entre os homens a concórdia, a paz e a fraternidade.” (A Gênese, A. Kardec, tradução de H. Pires, capítulo 18, item 19.) 


Ao conjunto de mudanças ocorrido num curso de determinado tempo chamamos de progresso, ou evolução. Progresso, ou evolução, referimos a crescimento ou a mudanças em sentido positivo, a proporcionar comodidades da vida social, dando maior sentido e melhoria na sucessão das múltiplas experiências humanas.

O progresso está e sempre esteve manifesto em toda a parte, e ele, por si só, naturalmente se impõem pela força que o caracteriza. A Lei do Progresso provém do Altíssimo, e tudo o que procede de Deus tende a evoluir, indo para frente e para alto, nada lhe impedindo o desenvolvimento.

Sempre houve quem tentasse impossibilitar em quadros lamentáveis o avanço da Humanidade. Inimigos do progresso sempre empregaram meios astuciosos em oposição de interesses ao progresso moral-espiritual. A espiritualização da alma humana deveria ser atrelada à marcha dos tempos como resultado das conquistas do progresso material, refletidas em ações edificantes.

Quimeras mirabolantes, hipocrisias

Mas, não. Em vez disso, a soberba, o egocentrismo dos que estabeleceram a transitoriedade e a limitação da existência criaram quimeras mirabolantes, pretensas afirmativas sob o manto da hipocrisia, a menoscabar o aperfeiçoamento moral. Tais criaturas sustentadas pelo impulso opressivo e mantenedor da ignorância concebida pelas ilusões, em vez de terem feito bom uso do resultado das conquistas, aferraram-se a ideias infelizes, a exigências prescritas e descabidas, em prejuízo da lógica e do bem comum.

Só a alternativa da espiritualização da criatura humana é que pode oferecer o verdadeiro bem-estar, dando maior eficácia à aparelhagem científico-tecnológica, equilíbrio à sustentabilidade ambiente e a um sucedimento de coisas relacionadas, sobretudo, a estatutos de justiça e ordem. Albert Einstein, por exemplo, quando jovem, abraçara como verdadeiros os princípios do materialismo mecanicista, supondo equacionar o processo de funcionamento do Universo. Mais tarde, sensato e vivido, Einstein entendeu a primazia do progresso moral, admitindo a presença de uma força sábia, criativa e atuante no comando do conjunto de tudo quanto existe, tomado como um todo. 

O progresso intelectual até hoje, meu amigo ou minha amiga, bem adiante do progresso moral-espiritual permanece desde as primeiras fases da sua jornada; não deixa de ser uma vitória da inteligência humana. Porém, o progresso intelectual sozinho jamais dará conta da regeneração das criaturas deste planeta, e não nos esqueçamos de que todos nos achamos no mesmo barco. 


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