Força da vida

Davilson Silva-

Fé, uma força inata das faculdades humanas
Fé, de modo geral, refere-se a confiança nas próprias forças para efetuar algo, certeza de se atingir determinado fim, firmeza no ato de uma promessa ou compromisso, e outras acepções. Ter fé (do latim, fides, fidelidade, e do grego, pistia, acreditar) é também estar convicto do que se supõe ser verdadeiro sem exigência de provas ou de alguma pesquisa, de uma análise por absoluto confiança em sua procedência.

Não é só religiosa

Fé não tem sentido apenas religioso como vulgarmente se entende, só porque Jesus Cristo a revelou como poderosa alavanca e fizeram dEle chefe de religião, daí, interpretá-la como lealdade a determinados ritos e crenças religiosas, transmitidos como supostos princípios verdadeiros, indiscutíveis, por grupos sociais ou mesmo por um um grupo consanguíneo como, por exemplo, a família.

Fé não passa de força inata das faculdades humanas, a qual jaz latente no íntimo de cada um, e só cabe ao homem fazê-la desabrochar, desenvolvê-la de acordo com o próprio desejo. Ela pode produzir o que dizem ser “milagre”, ou “prodígio”. Se qualquer um tivesse noção de sua própria força e se desejasse por o desejo a serviço dela, realizaria os denominados fenômenos paranormais que, diga-se a propósito, nada tem a ver com “sobrenatural”.

Mais orgulho que fé

Fé que nada examina, pode admitir tanto o falso quanto o verdadeiro. Os que se sustentam desse tipo de fé cega costumam ofender, caluniar os que com suas ideias não se coadunam; neste caso, é mais orgulho que fé, por isso suprem-lhe a fragilidade com a intolerância. Já os que se apoiam no bom senso, a sua fé é robusta, sincera, calma, paciente por estabelecer relações lógicas. Tal é a fé espírita, a única que encara de frente a razão em todas as épocas da humanidade; o que foi verdade ontem, há de ser verdade sempre.

Não se impõe a fé sob ameaças e violências. Coagir alguém a aceitar este ou aquele modo de crer é demonstrar incapacidade de provar que está com a razão. Fé se adquire e qualquer um pode tê-la, mesmo os mais descrentes, e não falamos aqui de crença específica, e sim de verdades espirituais fundamentais.

Dos aspectos da fé 

A fé pode ser humana ou divina. Quanto a este asserto, temos a seguinte ilação que consta de uma mensagem mediúnica ditada em Paris, França, no ano de 1863, portanto, no século 19:

A fé é humana ou divina, segundo a aplicação que o homem der às suas necessidades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. O homem de gênio, que persegue a realização de um grande empreendimento, triunfa se tem fé, porque sente em si mesmo que pode e deve triunfar, essa certeza íntima lhe dá uma extraordinária força. O homem de bem que, crendo no seu futuro celeste, quer preencher a sua vida com nobres e belas ações, tira da sua fé, da certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda nesse caso se realizam os milagres da caridade, do sacrifício e da abnegação. E, por fim, não há más inclinações que, com a fé, não possam se vencidas. 

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*KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução Herculano Pires. 62. ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec Editora, 2001. Capítulo 19, item 12, página 248.

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