Mas um dos fatos dignos de nota
como outros tantos das ocorrências fenomênicas de todos os tempos e lugares,
passíveis de observação, é o de uma flâmula.
Espírito Kate
King
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Pois é, meu prezado leitor, ou minha prezada leitora! “Nenhuma organização útil se materializa na crosta
terrena, sem que seus raios iniciais partam de cima”, e “a humanidade terrestre,
constituída de milhões de seres, une-se à humanidade invisível do Planeta que
integra milhões de criaturas”.¹ E
nada acontece consoante leis divinas.
Como se dá esse vínculo? Ah! Tudo só depende do transe mediúnico,
ou estado anômalo da consciência em diversos graus da mediunidade por meio das
manifestações intelectuais ou de efeitos físicos, entre o espaço corpóreo e
extracorpóreo. Façamos resumido e superficial comentário no que se refere tal
processo, cuja vibração, além de nossas aptidões inatas, atua fora da
referência espaço-tempo de nosso meio, sem pôr de parte a sua inteireza
molecular. Os legítimos fenômenos de efeitos físicos têm a ver com a firme
presença de um campo magnético e um campo elétrico.
A corrente elétrica provém do cérebro, funda-se sobre a
natureza humana; o efeito magnético lhe exerce uma efetiva e grande influência:
uma não funciona sem o outro. O sistema nervoso, conjunto de células
especialíssimas, determina a sua produção tal qual uma usina. Uma usina gera,
transmite, distribui e consome eletricidade, e o cérebro, centro gerador de
cargas elétricas, assim também se conserva.
O campo magnético, então, leva a efeito os estímulos
associados intimamente à corrente elétrica do sistema nervoso. Deste modo,
junto às funções regidas pelo cérebro humano, existe o fator psíquico, ou
anímico, fator preponderante no que consideramos como essência divina,
pressuposto da existência indispensável desse referido campo. Pode-se afirmar que o estímulo nervoso ligado à
corrente elétrica rege com exclusividade a vida do corpo enquanto o campo
magnético, o princípio da existência terrena, a Alma.
Uma série de extraordinárias produções no plano das
experiências fenomenológicas já foi provada sob tais pontos de vista. Mas
conceitos e fatos sobre o tema ainda geram controvérsias e, teimosamente,
tentam denegri-los, negá-los. Muitos argumentos contraditórios, devido à
ignorância espiritual, têm estabelecido obstáculos: de um lado, cientistas
ateus, de outro, religiosos dogmáticos. Até existiam, na Idade Média, “manuais de orientação” com
referências a ectoplasma que, como sabemos, é a origem dos fenômenos de
efeitos físicos e seus diversos estágios.
Perseguições, confiscos, confinamentos, torturas e mortes
E uma das manifestações mais forte de os Espíritos se deixarem
perceber é (o nome já diz!) a “materialização”. A materialização significa o
que há de mais patente quanto à sobrevivência do Ser Desencarnado, algumas das
quais se notabilizaram pela sua autenticidade e beleza incomuns, maravilhando
espectadores nas vias públicas ou nas residências ou em centros espíritas ou em
laboratórios.
Intelectuais, cientistas levaram à sério os fenômenos, em
busca da verdade. Nomes como o criminalista Cesare Lombroso, o físico-químico
William Crookes, o filósofo Ernesto Bozzano, o engenheiro mecânico Alberto de
Rochas, os médicos: Alexander Aksakof, Charles Richet, Enrico Morselli, Gustave
Geley, Hereward Carrington e Paul Gibier, o psicólogo Julian Ochorowicz, o
escritor Arthur Conan Doyle, o célebre astrônomo francês Camille Flammarion e
muitos outros, alguns dos quais até escreveram livros acerca da natureza desses
fatos inerentes ao ser humano.
Mas um dos fatos dignos de nota como outros tantos das ocorrências
fenomênicas de todos os tempos e lugares, passíveis de observação, é o de uma
flâmula. A bem dizer, a desmaterialização e rematerialização em si não é algo
tão inédito. Todavia a ocorrência de que estamos tratando é deveras
interessante mais por sua singularidade que pelas consequências do fenômeno que
suscita outras explicações.² O caso se deu quando do Primeiro Congresso de Grupos da
Fraternidade, em São João da Boa Vista, SP.
Em janeiro de 1954, o escritor Dante Labbate participou
ativamente desse congresso e resolveu sugerir uma flâmula comemorativa do bem
sucedido evento naquele município paulista. Segundo Labbate, a “singela doação” seria
um meio de exprimir reconhecimento e carinho em nome de todos os seus
companheiros que, nesse ano, somavam mais de 50 grupos instituídos em três
Estados brasileiros.
Desenho feito por
um Espírito
que desenhou o retrato de Joseph
Gleber, pela excelente
mediunidade
física de
Francisco Peixoto Lins.
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Foram surpreendidos o autor e os que assistiam a
materializações no recinto oportuno para esse fim. O guia espiritual, Joseph
Gleber, ao sair completamente materializado da cabine mediúnica, qual se fora
um de nós, cumprimentou todos, dizendo saber da “encomenda”; o próprio Labbate não revelara nada a ninguém
naquele dia, horário e lugar, a sede do Grupo da Fraternidade Irmão Joseph
Gleber, localizada na Fazenda Eureka, de seu pai, a 9 km do centro da cidade de
Itanhomi, MG.
O Espírito ficou contente com o brinde e disse: “Eu e os demais companheiros sentimo-nos lisonjeados
e vamos levá-la para a nossa comunidade em Nosso Lar.” “Asseguro-lhes que, por ocasião do segundo
congresso, a ser organizado por vocês, nós a traremos de volta,
autografada por alguns ministros da Colônia.” (Grifei.) Depois, Gleber
voltou à cabine onde o médium permanecia em absoluto transe.
Ao retornar Gleber à cabine, todos ouviram um breve “ruído de máquina em funcionamento”. Na cabine, se encontrava um dos mais admiráveis médiuns de efeitos físicos e de materialização de todos os tempos: Fábio Machado.4 De contínuo, uma Entidade, José Grosso,5 materializada da mesma forma que o outro Mentor, apareceu diante da seleta assistência para esclarecer. O Espírito disse que o motivo do tal “barulho” era por causa de um “aparelho” que acabara de “desmaterializar a flâmula”...
Ao retornar Gleber à cabine, todos ouviram um breve “ruído de máquina em funcionamento”. Na cabine, se encontrava um dos mais admiráveis médiuns de efeitos físicos e de materialização de todos os tempos: Fábio Machado.4 De contínuo, uma Entidade, José Grosso,5 materializada da mesma forma que o outro Mentor, apareceu diante da seleta assistência para esclarecer. O Espírito disse que o motivo do tal “barulho” era por causa de um “aparelho” que acabara de “desmaterializar a flâmula”...
Materializações em Caratinga, MG
No ano seguinte, todos se prepararam para o segundo congresso,
e Caratinga, também cidade do Estado de Minas, foi eleita a sua sede, conforme
acordo geral dos organizadores do evento, ligados à diretoria do Grupo
Scheilla, da simpática Belo Horizonte. Providências administrativas foram
postas em prática para que nada faltasse. Em suma, o congresso aconteceu, e no
penúltimo dia do evento, às 20 horas, uma reunião de materialização foi
realizada na sede do Grupo da Fraternidade, Caratinga.
Segundo o mencionado autor, Gleber saiu da cabine, caminhou
diante da plateia de cerca de 200 pessoas e proferiu:
Desejo que a paz de Jesus esteja com todos. Meus
irmãos, meus companheiros, com muita honra e alegria passo às vossas mãos a
flâmula que levei há um ano para Nosso Lar. Trago-a de volta como sinal de
nossa gratidão. Cumprindo o prometido naquela ocasião, trago-a assinada por alguns
ministros e trabalhadores de Nosso Lar. Rogamos ao Pai e a Jesus que vos cubram
de bênçãos.
A flâmula foi entregue a um dirigente do Grupo Joseph Gleber, de São João da Boa Vista, cidade do primeiro congresso. Passada de mão em mão, todos puderam examinar a preciosa bandeirola, fato extraordinário de um fenômeno jamais acontecido e jamais catalogado nos registros da Metapsíquica, da Parapsicologia e do Espiritismo. Importante: além da assinatura dos Espíritos mais íntimos daquelas pessoas, constou a dos ministros Clarêncio e Veneranda, ambos da colônia espiritual.
Penso que o caso da flâmula dá ainda mais força à série de
livros de autoria do Espírito André Luiz, tão conhecida dos espíritas
estudiosos, sobretudo à sua primeira, Nosso
Lar, ditada ao incomparável médium Chico Xavier, obra que, como o fenômeno
confirma, não é literatura de ficção (isto para aqueles que não sabem ou para
os que fornecem assunto de dúvida). Quanto ao destino da flâmula, segundo
Labbate, o atual presidente da Federação Espírita Brasileira, Nestor Masotti,
falou que, até hoje, esta se encontra em São João da Boa Vista; um tanto
desgastada pelo tempo; mas está lá.
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1Palavras do “enfermeiro e visitador” Lísias, dos “serviços
de saúde”, da colônia Nosso Lar, as quais constam do capítulo 24: O
impressionante apelo, do livro Nosso Lar, Federação Espírita
Brasileira (FEB), ditada a Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André
Luiz.
2Vide cap. 18: Iolanda, No País das Sombras,
de E. D’Esperance, FEB. A fantástica médium e pesquisadora inglesa Theodore H.
Hart-Davies, mais conhecida por Elisabeth D’Esperance, narra um caso de
desmaterialização e rematerialização de certa peça de adorno feminino durante
uma de suas reuniões, fato que, em nosso parecer, não se compara ao aqui
exposto.
3Vide cap. 63: A Flâmula desmaterializada e
rematerializada, da obra já referida, Editora Fonte Viva.
4O médium Fábio Machado conseguiu produzir inúmeros
fenômenos de efeitos físicos, culminando com excepcionais materializações de
formas humanas e de objetos, inclusive testemunhadas por Chico Xavier. Algumas
pessoas até presenciaram a desmaterialização de Machado em reuniões de efeitos
físicos.
5O mesmo Espírito José Grosso nos é também bastante
familiar. Para nós, ele é um querido amigo fraterno, um dos Mentores de nossa
instituição e um dos coordenadores espirituais de nossas reuniões privativas de
efeitos físicos.
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