As lindas noites natalinas de Chico

Davilson Silva-

Desde a cidade de Pedro Leopoldo, MG, onde tudo começou, Chico Xavier promovia o Natal das pessoas carentes, o que até hoje se tornou uma prática das instituições espíritas no Brasil. A assistência social espírita é constante, praxe em todas as oportunidades do ano. Mas, especialmente no Natal, esse trabalho é ainda muito mais intenso, vibrante.

No mês de dezembro, viam caminhões e mais caminhões carregados de mantimentos além de presentes para a criançada. Eram doações, tais como: bolas, bonecas, roupas, doces e enxovais para recém-nascidos, procedentes de São Paulo a Uberaba, cidade onde Chico viveu as suas últimas experiências enquanto encarnado. Cerca de 4.000 pessoas, entre adultos e crianças, eram beneficiadas pela distribuição natalina, realizada por homens e mulheres de boa vontade, os voluntários do Grupo Espírita da Prece.

Para aqueles mais bem pobrezinhos, o próprio Chico tratava de entregar discretamente certa quantia em dinheiro. Ocorria deste jeito: ao beijar a mão da pessoa, ele entregava as cédulas como mostra o flagrante desta foto à esquerda. Tudo transcorria na mais perfeita ordem, sem nenhum tumulto, e era comovente ver a alegria estampada naquelas faces, sobretudo no rostinho de meninos e meninas.

Mas quem pensa que dar coisas materiais para os pobres era tudo o que ele sabia fazer, está redondamente enganado. O que não faltava era crítico para desaprovar aqueles gestos. À noite, véspera de Natal, Chico, o querido Amigo de Jesus, costumava sair com diminuto grupo de pessoas em visita a lares paupérrimos a fim de ir ao encontro daqueles que nem podiam locomover-se, muitos dos quais imobilizados num leito por alguma grave enfermidade. E ele não ia somente a uma ou duas, ou três residências, não: visitava muitas delas, localizadas em periféricos bairros pobres da cidade.

Qual o Sublime Peregrino Galileu lá ia ele com o pequeno grupo colocar em prática o que Mestre Jesus ensinou e exemplificou. Chico, todo amoroso e alegre, visitava os doentes, as viúvas, os cegos e os desvalidos de toda a sorte, e não se tratava de uma “visitinha rápida”. Ele dava toda a atenção e carinho que fosse necessário a cada um daqueles humildes corações. Um detalhe: tudo era feito às ocultas, como sempre deseja Jesus, sem alarde, sem imprensa, sem, enfim, as luzes feéricas do exibicionismo hipócrita.

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Palavras de Chico Xavier 

“Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimento: não julgar, definitivamente, não julgar a quem quer que seja.”

“Não exijas dos outros qualidades que ainda não possuas. A árvore nascente aguarda-te a bondade e a tolerância para que te possa ofertar os próprios frutos em tempo certo.”

“Nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs a resolver o problema particular de alguém. Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.”

“Se Allan Kardec tivesse escrito que ‘fora do Espiritismo não há salvação’, eu teria ido por outro caminho. Graças a Deus ele escreveu ‘Fora da Caridade’, ou seja, fora do Amor é que não há salvação.”

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