Na busca incessante da auto-realização profissional, do conforto pelo consumo imediatista, da vaidade por um modelo ideal de corpo e de outros interesses pessoais, a criatura humana demonstra indiferença pelos múltiplos ensejos que a lei do progresso espiritual oferece.
Uma das forças mais importantes, aqui no caso, é a Educação no que se refere a vastíssimo campo além de um sistema de ensino. Reconhecidamente em sua abrangência, segundo pensamos, ela representa a chave do progresso moral que deve ter início no lar, lugar onde a consciência encarnada dá os primeiros passos sob o aspecto humano-infantil.
Sob o ponto de vista espírita, educação significa muito mais do que se compreende por necessidade de transmitir conhecimentos adquiridos. Educandos e educadores encontram-se na mesma contínua sequência. Educar, sobretudo, diz respeito à formação moral-espiritual; sem ela, a parte relativa a intelecto não pode fazer face a possíveis desregramentos e consequentes quedas do indivíduo no cenário da prática de vida.
A educação relativa ao domínio moral-espiritual consiste na mais importante das forças evolutivas, sem ela, a criatura humana não crescerá nem poderá alcançar a mais alta transcendência. Sem adiantamento nesse sentido, a Alma repete amargas circunstâncias no panorama da emenda indispensável segundo a inexorável regra da ação e reação através de sucessivos renascimentos.
É imprescindível
Todavia, ainda que muito se consiga no campo da inteligência aqui do planeta, não o será o bastante. O intelecto humano, venhamos e convenhamos, é excessivamente reduzido ante a grandeza do Universo, em que pese orgulhar-se de suas realizações, supondo tudo poder decidir em matéria de valores finais e definitivos. Até que a criatura daqui não aprenda a cultivar os valores legítimos do sentimento, permanecerá isolada do plano de consonância universal. “O sentimento e a sabedoria são duas asas com que a Alma se elevará para a perfeição infinita”, nas palavras do Espírito Emmanuel (O Consolador, capítulo 3.º, q. 204).
Educar não se funda apenas no processo técnico de ensino considerado como objeto transmissor de erudição, de instrução, de saber. Não se trata a criança de um adulto em tamanho reduzido nem de boneco de teatro de fantoches — é um Espírito em regime de recomeço cujas recordações das experiências pregressas, positivas e negativas, mantêm-se nele entranhadas, latentes, merecendo esse ser humano de pouca idade, menino ou menina, todo o apoio parental. A vida familiar é de suma importância no tocante à tarefa educativa de aprimoramento de caracteres.
Portanto é no reduto doméstico onde a referida tarefa deve se iniciar, estendendo-a ao estabelecimento público ou privado de ensino coletivo. Este, por sua vez, contribuirá na sua preciosa laboração sócio-intelectual, cabendo aos educadores, além do currículo, conhecimentos da psicologia infantil. A universidade forma cidadãos, mas somente o lar pode formar verdadeiros cidadãos de bem; quer dizer, homens e mulheres virtuosos.
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