Davilson Silva-
Egoísmo exprime amor excessivamente voltado apenas ao bem
próprio, jamais levando em conta os interesses de outrem.
O mau emprego da inteligência pode provocar grandes desgostos
a quem lhe faça uso por desmedido amor-próprio. Não raro, este sentimento, o
amor-próprio, apresenta-se disfarçado de virtude que, no fundo, no fundo, não
passa de uma dignidade pessoal postiça, infundida pelo desejo excessivo de se
obter simpatia, elogios, homenagens, enfim, expressões de admiração. O Espírito
Ferdinando, em um texto por ele ditado em Bordeaux, França, 1863, deu este
conselho: “Não vos orgulheis por aquilo que sabeis, porque esse saber tem
limites bem estreitos, no mundo em que habitais”.1
Orgulho é conceito elevado ou exagerado de quem tem de si
mesmo, significando amor-próprio cego, capaz de provocar grandes
prejuízos — prejuízos morais, materiais, coletivos ou
individuais. Este sentimento arrasta o orgulhoso a existências miseráveis,
cheias de humilhação,
e, do orgulho, provém esse outro sentimento: o Egoísmo.
Egoísmo exprime amor excessivamente voltado apenas ao bem
próprio, jamais levando em conta os interesses de outrem. Sendo este sentimento
lamentável adversário da Humildade, assim o descreve o Espírito Emmanuel:
“(...) monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é a
fonte de todas as misérias terrenas (...), por isso mesmo, o maior obstáculo à
felicidade dos homens”.2
Em outras palavras, para corroborar ainda mais com o até aqui
exposto, atitudes egoístas representam o que há de mais negativo. A soberba
contamina o íntimo de uma grande e notável inteligência e pode extinguir lhe
toda a energia moral, além disso, ela corrompe, desvia, perturba a normalidade
das funções orgânicas e da parte psíquica. Emmanuel, em outra análise, disse que
muitos foram os que se deleitaram com a ilusão de eternos ídolos: invigilante e
inquietos por acolherem a lisonja afetada, “choraram mais tarde, a sós, com o
seu espinho ignorado no recesso do ser”.3
É claro que Deus abençoa o homem inteligente! Se sua
inteligência for dirigida em benefício de todos, especialmente em auxílio às
capacidades retardatárias, Deus, por certo, muito o recompensará. Mais que
inteligente, o homem de grande instrução pode vir a ser um virtuoso, se não se
vangloriar da sua força intelectual, de seus talentos, ajudando sempre quem
possa, tornando-lhe a vida menos penosa.
Deus espera daquele que é inteligente uma prova de humildade e
coragem, de firmeza e, sobretudo, de renúncia. É prova difícil, sem dúvida
alguma, o mérito da inteligência; mas “Deus não coloca fardo pesado em ombros
fracos”, e dá toda a condição de que precisamos a fim de superarmos as nossas
limitações.
Portanto, desperdiça a inteligência aquele que, através do seu
orgulho, provoca danos, subestima o próximo, esmagando-o com a sua arrogância.
Toda atitude egoísta origina-se do orgulho, com probabilidade de o orgulhoso
até cometer gravíssimos desacertos. Cada existência significa
ensejo concedido por Deus para que d’Ele nos aproximemos, desde já, aqui mesmo,
neste mundo. Então, nada de empregar mal o saber e todas as disposições que nos
distingam; a “mão” dAquele que as faculta pode também, de uma hora para outra,
retirá-las, suspendendo direitos, poderes e quaisquer pertenças, prerrogativas.
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1.KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução Herculano
Pires. 62. ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec Editora, 2001. Capítulo
7.o, item 13, página 114.
2. _____ . _____ . Cap. 11, it. 11, p. 151.
3.XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 10. ed. Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 1984. Tema 123, p. 263.
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