Jamais existiram povos ateus

Davilson Silva-

Adquirindo consciência de si próprio, no homem surgiu a necessidade de contemplar, de render culto a algo estranho e superior...

As quatro colossais estátuas de Ramses 2.º, 
na entrada do templo de Abu Simbel 


Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indagou :

650. A adoração é o resultado de um sentimento inato ou produto de um ensinamento?

— Sentimento inato, como o da Divindade. A consciência de sua fragilidade leva o homem a se curvar diante dAquele que o pode proteger.

651. Houve povos desprovidos de todo sentimento de adoração?

— Não, porque jamais houve povos ateus. Todos compreendem que há, acima deles, um Ser supremo. 

O nosso Pai Celestial sempre triunfou sobre a pretensão da ignorância humana de limitá-Lo ou de anulá-Lo. É impossível ignorar que pisamos o solo de um pequeno planeta no meio de imenso espaço indefinido, suspenso por extraordinária força invisível.

Os nossos ancestrais não precisaram perlustrar o imensurável universo com a ajuda científico-tecnológica para admitir a realidade da presença divina. Passando o homem a ter novas expressões biológicas, depois de uma transformação visceral em sua estrutura, desenvolveu-se nele o atributo de estabelecer julgamentos morais de seus atos; nasceu então o sentimento de reverência e temor ao imponderável.

Culto ao estranho e superior

Adquirindo consciência de si próprio, no homem surgiu a necessidade de contemplar, de render culto a algo estranho e superior, reconhecidas forças que o faziam prostrar-se diante delas, venerando-as e, ao mesmo tempo, temendo-as. Acreditavam os nossos longínquos antepassados que os fenômenos naturais, os acontecimentos sem a intervenção humana, tais como erupções vulcânicas, inundações, incêndios, etc., estariam sob controle dessas forças, daí, diversos deuses, suas peculiares funções e atributos.

Esses deuses intermediários da Divindade Maior, consideravam-nos também divindades superiores. Tidas como sagradas, essas divindades adotavam diversas formas tanto antropomórficas como zoomórficas. Sobretudo, referente à vida e à morte, tinham as criaturas imenso receio de não contrariá-las, agradando-as com ritos de oferendas, com cânticos, danças, sacrifícios e magias.

Deus único

Portanto jamais existiram ou existirão povos ateus, e a adoração ao Criador, em suma, é um sentimento inato ao homem, tendência natural do Espírito encarnado. Ainda há controvérsias, diversos pontos de vista. A ideia espírita sobre um Deus único, por exemplo, está muito bem definida e isenta de quaisquer crendices, longe de quaisquer resquícios antropomórficos como ainda subsistem em religiões e seitas de agora.

Nos dias de hoje, Deus é aceito de um modo muito simples e, ao mesmo tempo, de um modo bastante confuso. Diante de interpretações contrárias ao bom senso, que turvam a sabedoria, a justiça e bondade com que o Criador conduz as coisas, parece até que há mais de um Deus, especialmente, entre cristãos. Apesar da fé cega, do fanatismo que discrimina, insulta, difama pessoas, instituições e, quando muito, destrói, mata com seus homens-bomba, ainda assim, o nosso Pai, causa única e primeira de todas as coisas, a suprema e soberana inteligência, o eterno, imutável e imaterial, o todo-poderoso, soberanamente justo e bom, está consolidado.

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* Perguntas e respostas do capítulo 2.º, de O Livro dos Espíritos.

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